domingo, 31 de janeiro de 2016

Claridade

 Meus olhos ardem tanto agora.

 Minhas manobras no globo ocular borraram-se. Dissipou o traço preto marcante da minha linha d'agua que delineio santo dia: rotina minha, olho meu, dor minha.

Que imbróglio é esse que embrulha minhas retinas?

E já se foi o que aqui continha pelos parágrafos surrupiadores acima.

 A ânsia de estar aqui preenchendo minha desconexão nada inovadora, me deixa eufórica, levando embora meus ensaios mentais, como o chão varrido de olhos vendados.

O astigmatismo e miopia me soqueiam tanto que eu ainda tento saudá-los, acarinhá-los com a perspectiva de mais escrita, mas sou vencida pelas lentes vãs, que aqui, por ora, não sustentam minhas vistas. Perdão, caros meus.

Assim, deixo aqui, meu coração inflado de amor e olhos cansados de dor com a promessa do mais breve sabor de retorno de luz.

Bom dia, Fevereiro.
Escrevi ouvindo/observando: som do ventilador. Velando o sono mais doce ao lado.
 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Lights INSIDE

De lés a lés, assim, de forma escancarada, tão nua quanto minh'alma límpida moldada e transformada com seu afeto deleitoso. Gostaria de ter o órgão abrigado no meu ápice desabrochado para rirmos com sarcasmo, com ternura, com amor.

Na minha frente, com luzes refletoras da mais perfeita magnitude, queria ter. Por curiosidade, por clamor, por revolução, por resplandecente paixão. Queria chegar de surpresa e ver a minha reação de sentir outra vez e repartir cada pedacinho com você. Dessa vez, emanada da metamorfose do seu âmago

Como poderia melhorar mais? Como será melhorar? 

Venha destemidamente me soprar aos ouvidos como será ser melhor. (?)

Gozado seria querer saber como cheguei a tal compreensão se não fosse a descompressão desejada do meu filamento que tenho tanto cuidado meio desmazelado que você tanto acarinha. Que sensação!

Sigo com a caixa pensante lacrada com o aviso de atenção quanto a fragilidade do ser envolvida por você.

 Obrigada, meu amor!

Escrevi ouvindo : Damien Rice: I don´t want to change you e os 16 (dezesseis) primeiros minutos do full concert de Damien Rice & Ear- Michelberger Lobby 2014.


 Grau 10



sábado, 12 de abril de 2014

Como um bebê

O ápice do meu corpo deseja ser mole, sem comprometimento com meses a frente para o encontro da rigidez. Ele necessita, ao menos estar. E em seus braços entrelaçados com  o resto da minha forma anatômica tão promissora, alcançadora de polegadas que ultrapassariam a ti, minha  pequena, ele grita: ''venha me pegar''.


Seguraria-me com tanta destreza que, apesar da pouca idade, a habilidade formada pelo seu músculo arrebatador jamais me faria sentir algum tipo de dor.


Porém, encontro-me organizada de desconexão. De estrutura molecular correta e ausência do funcionamento esperado, apenas com o lado esquerdo arraigado num berço, no peito.



Borro meu rosto com choro descomunal clamando por moleira, por bobeira.


A noite se finda, com ela o estrago estraçalhado de súplica do âmago egoísta. Berro por querer ser, somente aquele, advento do ventre, um recém, o seu bebê.


Escrevi ouvindo: Cheers Darlin' - Damien Rice

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Too much


Hoje, abstraio-me com a mesma versatilidade de antes quando abria-me como um abano que costumava carregar na mão, e vezes pirava e logo o pisoteava lés a lés aquilo que parecia tão démodé.

Como ser  assim tão volúvel ? São as voltas  que rodeiam os muros findando um ciclo confuso.

Agora, chego a descerrar o escancaro espatifado do falado com o cerrar dos dentes literalmente.

Fecho-me com tendências frágeis como uma flor com seu receptáculo evocando o desabrochar, mas já chega, não é mais preciso falar.

Há pouco gritava onde tímpanos eram atingidos e olhos famintos servidos. Causava dor e irritação. Aprendi sem ioga o que é não falar em vão com corpo em ação.


Sacio minh'alma com o silêncio que emana o barulho surgido com o falar interrompido.

Não vou arrancar as placas, nem despedaçar os outdoors, vou narrar despercebido como um episódio único, sem ter prosseguimento do que profiro e advento ao outro como um vocábulo novo.

Shhhi!


Escrevi ouvindo: Pianochocolate - Before the Rain

sábado, 26 de janeiro de 2013

Saudade de sentir saudade

Há uma ausência de sentimentos que antes me dominara por você. Os batimentos cardíacos acelerados mesmo em repouso ficavam diante de você. Havia contemplação do que nos era belo, éramos tão egocêntricos que sabíamos que só nós mesmos podíamos suprir o que poderia vir a preencher nossas massas encefálicas doentias. O remédio a ser tomado era o profano e o divino, chovia uma escola literária nada contemporânea sobre nós. 

A distância que tomávamos um do outro impermeabilizava qualquer ato que viesse a nos separar, pois tudo era solidificado e confesso, alimentava noite e dia cada passo controverso dado pela audácia sua e minha. 

Todavia, assisti aos tombos, tropeços, lá da esquina sombria que quieta medo não me metia, a partir de então fui sendo a desprovida de qualquer querença do que nos prendia.

A rotina foi mudada, a falta foi atenuada com os dias, e tudo morrera em pouco o que por anos se quer existira.

Escrevi ouvindo: Damien Rice - Cheers darlin'

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Não [toque-me]!

Derrame sobre mim moléculas contidas nesse recipiente solidificado de contradições, como estas, proferidas pela boca que abriga esses seus dentes tão desconjuntados e desgastados pelo cigarro de outrora.

Massageie-me com aqueles óleos que guardo debaixo do colchão, mas, tenha cuidado com o lacre, embora resistente há tempos, guarda um líquido quase que evaporizante tão sensível como os movimentos dos seus dedos sobre minhas costas.

Deixe-me descansada com o desconsolo da ausência do seu retorno, esperarei pelo seu novo baque, pelas novas unidades acrescidas nesse seu corpo rendoso, fora do dogmático, naturalmente. Deixo-o vaguear pela estrada da vida com a vinda incerta aqui e lá.

Feche a porta quando sair, dê-me apenas um beijo, o melhor dentre os recebidos, com gosto de adeus, sem delongas de breve reencontro tradicional por vezes prometidos.

Não fuja do convencional, mas deixe-me sem notícias do que o norteia acerca dos demais, já não consigo sustentar a psicologia de todos os dias, a falta de animosidade visita-me com frequência, mal posso consultar alguém.

Alimente-se das lembranças do nosso trabalho auxiliado da nossa materialidade tangível com discrição para fazer jus a unção de nós mesmos até hoje, embora ora separados, ainda estou aqui, ao seu lado. Venha! 

Escrevi ouvindo - Pearl Jam - Animal


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sintonia

Ultimamente tenho me sentido mecanizada, nada de artifícios robóticos em minha rotina, nada que possa delegar a outrem para que algo seja feito em meu mero lugar.

Falo da operação de auxílio encharcado de empatia do meu corpo, de cada pequena parte  dele para com os acontecimentos de consequências um pouco que emotivas nesse sopro, a vida, e isso me parece tão predisposto ao dilúvio emocional que a qualquer hora me toma, me suga e me lança para o mundo real e eu assim cambaleando de salto alto prossigo .

Sustento o que me faz ficar entalada, de imediato poderia dar tapas e até socos sem medir esforços para o alívio do engasgado nas minhas costas, mas elas encontram-se tão sensíveis ao toque, meus pulmões gritam ao meu cérebro algum sinal ruim, a dramaticidade levanta o seu longo braço indicando infarto. Só alarde! Nada superável a cena de dramaturgia corporal, são assim as dores da minha alma, das minhas juntas. Ah...doce desconjuntura! 

Escrevi ouvindo: vozes; playground ao lado; ventilador; televisão